A saída da Inglaterra da União Europeia poderia ser o abanão necessário para que a União Europeia voltasse a ser “grande” (para usar terminologia trumpiana, mas mais modestamente aplicada a uma Europa unida, solidária, corajosa, com memória dos seus valores fundamentais, política e economicamente inteligente). Seria porém estúpido esquecermo-nos dos motivos que levaram a maioria dos ingleses a votar a saída e do discurso e perfil dos líderes que os orientaram nesse voto. E aí temo que o que estamos a observar é, sim, mais uma sinistra evocação do pior da Europa, as primeiras décadas do século XX. Os populismos de vária índole, os regionalismos patetas e acríticos, os nacionalismos a descambarem em chauvinismo, a xenofobia… Agora, mais do que nunca nas últimas décadas, é adequado lembrar que também Hitler teve do seu lado a grande maioria da população e nem por isso seria correcto chamar ao 3.º Reich democracia. Infelizmente, para muitos, nos vários níveis e estâncias de poder, a adesão popular ao nazismo (que, como o Brexit, também roubou votos ao socialismo da altura) não é já uma vergonha histórica mas uma lição de táctica.
Perdoar-me-ão o pessimismo, mas não, não será com as actuais gerações de políticos e eleitores que a Europa voltará às lições da Segunda Guerra Mundial para se tornar melhor. Há cem anos havia uma reserva de gente decente, com um sentido de ética e sobretudo com uma influência social que hoje, da província às grandes urbes, não se vê por onde ande.
Mas pq é que quando não concordamos com alguém vamos buscar e comparar os velhos chavões do Hitler e dos fascismos. Até há pouco tempo em Portugal quem era de direita era fascista. Agora quem quer mais soberania para o seu pais e menos autoritarismo e imposição por parte da UE é perigoso nacionalista ?
ResponderEliminarAcha mesmo que o Brexit foi só isso? Querer «mais soberania para o seu pais e menos autoritarismo e imposição por parte da UE»? Iluda-se com o que quiser, mas vá sozinho.
ResponderEliminarEm todo o caso, não se precipite, o meu post não é uma condenação do referendo nem da liberdade de os países fazerem as opções que quiserem. Não sou é cego perante o ar do tempo, nem visto a camisola de nenhum partido ou ideologia sectária para ter de sair em sua defesa.
Por isso, fazer a propósito deste meu post o lamento de que «até há pouco tempo em Portugal quem era de direita era fascista» é também usar um dos chavões que condena, insinuar o que o texto não lhe permite, catalogar-me, juntar-me a clubes com quem lá terá as suas querelas mas que não frequento. É que eu não digo que quem é de direita é fascista, lamento desapontá-lo. Digo, sim, que Farage, Johnson e Trump são pergigosos, demasiado perigosos para continuarmos a achar que estas coisas são apenas sobre soberania ou direita e esquerda.
Já agora, não lhe ficava mal assinar o comentário, este blogue não é uma ditadura, os leitores não precisam de reagir com pichagens anónimas.