Num país decente — num em que os militantes partidários, os
simpatizantes e os comentadores não se dividissem como claques de clubes de
futebol, com o mesmo tipo minguado de inteligência, racionalidade ou escrúpulos
— o ministro estava já demitido ou demitia-se.
Mas Portugal não é assim. O caso do ministro agrava-se e
continua tudo na mesma como a lesma. Uma viagem pelos jornais e pelos blogues
lusos mostra como a única ética que existe é mesmo a futebolística: defender «os
nossos» — contra todas as evidências, se necessário. Era assim no tempo de
Sócrates, é assim agora. Havia as amibas socialistas; agora as do CDS e as do
PSD somam esforços para ultrapassar os feitos viscosos da subespécie anterior.
Esta gente não merece respeito — e no entanto tem a maioria
dos votos e das audiências. Eis o epitáfio nacional.
Não tenho idade para isso, mas vendo como rasteja esta
canalhada artrópode sinto-me contemporâneo das trilobites. Velho desse modo.
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