No telejornal da RTP, a repórter consegue aguentar sem se rir (e sem
se suicidar) durante todos os longos minutos que dura a premente reportagem
sobre uma “praga” de mosquitos no Algarve. Entrevista barmen, clientes, transeuntes e banhistas com a mesma expressão severa dos
colegas que são vistos à porta de ministérios ou de sedes de partidos tentando criar
uma reportagem sem assunto sobre pessoas ausentes. Não se desfez nem quando
pediu a um rapaz que exibisse perante a câmara o vermelhão de uma terrível e
decerto fatal picadela de melga.
Se aos repórteres não lhes fixam os músculos faciais com um veneno
paralisante antes de irem para o ar, é porque há nas televisões cursos sobre
controlo do riso — e obliteração da auto-estima.
No estúdio, José Rodrigues dos Santos e os seus pavilhões auriculares lideravam
a notícia com o entusiasmo do costume, mas dele sabemos ser capaz de
transformar qualquer crepuscular e estival invasão de pernilongos numa ribombante
Tempestade no Deserto. É do género emotivo e facilmente impressionável. Tome-se
a forma como olha a sua obra literária.
as notícias de televisão são uma banalidade, onde até a ficção se mistura com cara séria.
ResponderEliminaraliás, andam quase sempre a reboque dos jornais...
o bom da festa é perceber que toda aquela gente tirou cursos de "achismo" acham-se os melhores do mundo, a começar no Zé "Orelhudo". :)
Eheheh! Nem mais! São tantas as vezes em que fico boquiaberta com os assuntos que eles elegeram como notícias. E o «quase afogamento» de Jorge Sampaio? Fico espantada com a tamanha falta de coisas relevantes para se dizer que grassa por aí.
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