quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Episódios televisivos (2)

No telejornal da RTP, a repórter consegue aguentar sem se rir (e sem se suicidar) durante todos os longos minutos que dura a premente reportagem sobre uma “praga” de mosquitos no Algarve. Entrevista barmen, clientes, transeuntes e banhistas com a mesma expressão severa dos colegas que são vistos à porta de ministérios ou de sedes de partidos tentando criar uma reportagem sem assunto sobre pessoas ausentes. Não se desfez nem quando pediu a um rapaz que exibisse perante a câmara o vermelhão de uma terrível e decerto fatal picadela de melga.
Se aos repórteres não lhes fixam os músculos faciais com um veneno paralisante antes de irem para o ar, é porque há nas televisões cursos sobre controlo do riso — e obliteração da auto-estima.

No estúdio, José Rodrigues dos Santos e os seus pavilhões auriculares lideravam a notícia com o entusiasmo do costume, mas dele sabemos ser capaz de transformar qualquer crepuscular e estival invasão de pernilongos numa ribombante Tempestade no Deserto. É do género emotivo e facilmente impressionável. Tome-se a forma como olha a sua obra literária. 

2 comentários:

  1. as notícias de televisão são uma banalidade, onde até a ficção se mistura com cara séria.

    aliás, andam quase sempre a reboque dos jornais...

    o bom da festa é perceber que toda aquela gente tirou cursos de "achismo" acham-se os melhores do mundo, a começar no Zé "Orelhudo". :)

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  2. Eheheh! Nem mais! São tantas as vezes em que fico boquiaberta com os assuntos que eles elegeram como notícias. E o «quase afogamento» de Jorge Sampaio? Fico espantada com a tamanha falta de coisas relevantes para se dizer que grassa por aí.

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