segunda-feira, 21 de maio de 2012

Fauna

Nem faziam falta os mais recentes desenvolvimentos do caso Relvas/secretas/media. Relvas mentiu aos portugueses (via comunicação social) dizendo que não se lembrava de ter recebido qualquer mensagem do senhor das secretas. Pouco mais tarde soube-se, ele próprio o disse, que recebera sms e e-mails com uma frequência espantosa.
Num país decente — num em que os militantes partidários, os simpatizantes e os comentadores não se dividissem como claques de clubes de futebol, com o mesmo tipo minguado de inteligência, racionalidade ou escrúpulos — o ministro estava já demitido ou demitia-se.
Mas Portugal não é assim. O caso do ministro agrava-se e continua tudo na mesma como a lesma. Uma viagem pelos jornais e pelos blogues lusos mostra como a única ética que existe é mesmo a futebolística: defender «os nossos» — contra todas as evidências, se necessário. Era assim no tempo de Sócrates, é assim agora. Havia as amibas socialistas; agora as do CDS e as do PSD somam esforços para ultrapassar os feitos viscosos da subespécie anterior.
Esta gente não merece respeito — e no entanto tem a maioria dos votos e das audiências. Eis o epitáfio nacional.
Não tenho idade para isso, mas vendo como rasteja esta canalhada artrópode sinto-me contemporâneo das trilobites. Velho desse modo.

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